segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O homem quando é jovem...

…é só, apesar de suas múltiplas experiências. ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que,ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio.

Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade.

O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio dia em nossas vidas, e a face do outro nos contempla como um enigma.

Feliz daquele que, ao meio dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.

(Hélio Pellegrino)

Um comentário:

Rê_Ayla disse...

Lindíssimo - e verdadeiro - texto. Vou até copiar pro FB :)